25 de novembro de 2015

Gringalização, o processo.

As pessoas sempre me perguntam se foi muito difícil me adaptar em uma outra cultura. E a minha resposta é sempre a mesma: Não, não foi. E ninguém acredita. Mas acho que cada pessoa é diferente, tenho amigos que não se adaptam, sofrem até hoje com esse processo, outros que desistiram em algum momento. Eu não. Foi tudo muito natural.

E antes que você pense que eu sou uma desalmada, que não sinto saudades, que não sofro com a distância, vou te dizendo que não é bem assim. Morar em outro país implica em conviver com possíveis e prováveis preconceitos, sentir-se fora de casa, necessidade de substituição. E o quão difícil esse processo vai ser (ou não) depende diretamente da sua atitude em relação à vida.

Se adaptar em outro país é difícil para a maioria das pessoas, mas meu jeito de ser nunca se encaixou no perfil de brasileiro. Sou muito pontual, muito quieta e tenho a alma muito velha. Então acho que  para alguém que sempre foi muito diferente de como as coisas funcionam, foi mais fácil. Gosto de acreditar que uma das minhas maiores qualidades é ser flexível. 

Não sofro por ter que mudar da casa aonde eu morei por 50 anos ou por mudar a cor da parede do quarto. Não sou uma "acumuladora", minha "vida" cabe em duas malas de 32kg hoje em dia, e as vezes não preciso nem das duas.

Em mais de uma oportunidade já ouvi pessoas dizendo que eu "sou do mundo". E eu sou mesmo, me sinto confortável assim e tenho muito orgulho. Meu horizonte é infinito e minha bagagem é cheia de lugares incríveis, experiências ímpares, lembranças maravilhosas e pessoas únicas. 

Não sinto a necessidade de estar com todas as pessoas que amo 24 horas por dia, e hoje em dia isso nem seria possível já que ao longo de tantos anos "pela estrada" fui deixando pedacinhos do meu coração por muitos lugares. Mas as pessoas que fazem parte da minha vida me conhecem, me entendem e eu nunca deixo que elas se sintam esquecidas, abandonadas ou substituídas. Eu gosto de acrescentar novas páginas à história da minha vida, mas como todo bom livro, sempre volto às páginas antigas para relê-las com felicidade e buscar inspiração para as novas que estejam por vir.

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